O papa Francisco deixou aparentemente aberta a possibilidade de padres darem bênçãos a casais do mesmo sexo, desde que limitadas, decididas caso a caso e não sejam confundidas com cerimônias de casamento de casais heterossexuais.
Francisco deu a opinião em resposta a cinco cardeais conservadores da Ásia, Europa, África, Estados Unidos e América Latina. Eles enviaram ao pontífice uma série de perguntas formais, conhecidas como "dubia" ("dúvidas", em latim), sobre assuntos relacionados a um encontro global que começa na quarta-feira, no Vaticano.
Uma das perguntas tratava especificamente do casamento de pessoas do mesmo sexo, que se tornou comum em países como a Alemanha, com padres abençoando casais gays comprometidos em um relacionamento.
O debate por escrito ocorreu em julho. O Vaticano publicou os posicionamentos do papa nesta segunda-feira, após os cinco cardeais darem publicidade à sua iniciativa de forma unilateral, demonstrando insatisfação com as respostas do pontífice. As respostas cheias de nuances de Francisco diferem da proibição explícita do gabinete doutrinal do Vaticano, em 2021. Na resposta com sete tópicos, o papa afirmou que a Igreja era muito clara em relação ao sacramento do matrimônio, que deveria ocorrer apenas entre um homem e uma mulher, aberto à procriação. Disse ainda que a Igreja deveria evitar qualquer outro ritual que contrarie esse ensinamento.
Ele afirmou, no entanto, que "a caridade pastoral deve permear todas as nossas decisões e atitudes", acrescentando que "não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam e excluem".
Segundo ele, algumas vezes os pedidos de bênção são a forma de as pessoas se aproximarem de Deus e viver vidas melhores, mesmo que alguns atos sejam "objetivamente moralmente inaceitáveis".
A Igreja ensina que ter atração por pessoas do mesmo sexo não é pecado, mas engajar-se em atos homossexuais, sim.
De acordo com Francisco, quaisquer eventuais bênçãos não devem se tornar a norma ou obter aprovação explícita das jurisdições da Igreja, como dioceses e conferências nacionais de bispos. Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, que promove a aproximação da Igreja com os católicos da comunidade LGBT, afirmou que, embora não sejam "um endosso pleno e sonoro" das bênçãos, as respostas foram bem-recebidas. Em comunicado, DeBernardo disse que as palavras do papa mostram "que a igreja reconhece de fato que o amor sagrado pode existir entre casais do mesmo sexo, e que o amor dessas pessoas espelha o de Deus".
Fonte: Terra.com