Na manhã deste sábado, 25 de maio, o centro de Dourados foi palco de um importante ato de protesto realizado por representantes de 16 comunidades tradicionais e povos de terreiros. O objetivo da manifestação foi condenar as recentes demonstrações de intolerância religiosa, particularmente os comentários preconceituosos feitos por internautas nas redes sociais.
O estopim para o protesto foram as violações de túmulos em Ponta Porã, seguidas por comentários repletos de preconceito e desinformação disseminados online. Naiara Fonteles, líder do Makota do Ilê Axé Megemulebaonã, expressou indignação: "Não somos comedores de carne humana. Temos famílias, profissões e contribuímos para o desenvolvimento da cidade da nossa cidade".
Outra representante das religiões de matriz africana destacou a necessidade de uma resposta firme da comunidade de Dourados: "A gente precisa dar uma resposta efetiva para a sociedade de Dourados e um basta, porque a gente não aceita mais e não vai aceitar qualquer tipo de intolerância ou de racismo religioso que é praticado contra nossas comunidades".
O evento na Praça Antônio João contou com a presença de representantes de diversos segmentos, incluindo os vereadores Elias Ishy (PT) e Olavo Sul (MDB). Após os pronunciamentos, foi realizada uma marcha pelo fim da intolerância religiosa, onde os manifestantes entoaram cânticos afros enquanto percorriam as ruas centrais da cidade.
Este protesto é parte de uma série de ações que as comunidades afetadas têm adotado para combater a intolerância religiosa. Entre essas medidas, destaca-se o pedido de abertura de uma notícia-crime contra uma empresária de Dourados. A empresária teria feito comentários ofensivos em uma rede social, acusando os praticantes de religiões afro-brasileiras de práticas bárbaras e alimentando estereótipos danosos.
Um dos comentários ofensivos dizia: "Devem ser os macumbeiros para fazer algum trabalho de destruição", enquanto outro afirmava: "(?) sim e ainda come carne humana". Esses comentários foram rapidamente apagados, mas causaram grande indignação entre os membros das comunidades tradicionais.
No pedido protocolado na Polícia Federal de Dourados, as advogadas Aline Cordeiro Pascoal Hoffman, Nathaly Conceição Munarini Otero e Renata Karolyne de Souza acusam duas internautas de vilipêndio religioso, racismo religioso, calúnia e difamação. A peça legal é assinada por sete comunidades.
O protesto deste sábado reflete um esforço contínuo para garantir o respeito e a proteção das tradições religiosas afro-brasileiras. As comunidades de Dourados deixam claro que não tolerarão mais nenhum tipo de preconceito ou racismo religioso, e estão determinadas a lutar por um ambiente de respeito e convivência pacífica.
Fonte: Mídia Max