Leandro Holsbach
Nos primeiros meses de 2025, a cidade de Dourados enfrenta uma preocupante escalada de agressões contra profissionais de saúde. Até o momento, foram registrados três casos que vieram a público, todos ocorridos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. As agressões evidenciam a vulnerabilidade enfrentada por esses trabalhadores que atuam na linha de frente do atendimento à população.
Primeiro Caso: Técnica de Enfermagem Sofre Fratura de Costela
O primeiro incidente ocorreu em 19 de janeiro. Uma técnica de enfermagem de 41 anos foi brutalmente agredida por uma mulher de 36 anos, que estava internada na área amarela da unidade. Segundo o boletim de ocorrência, a paciente apresentava comportamento violento e proferia xingamentos. As agressões resultaram em fraturas na costela da profissional. Há indícios de que a paciente estivesse sob efeito de drogas no momento do ataque.
Segundo Caso: Médico Agredido por Foragido da Justiça
O segundo caso foi registrado na manhã do dia 10 de fevereiro. Um médico de 27 anos foi alvo de tapas e socos desferidos por um homem de 32 anos, foragido do sistema prisional de São Paulo. O agressor deixou a UPA com a ajuda de uma mulher em um carro de aplicativo. Embora a Polícia Militar tenha feito rondas no dia do ocorrido, o suspeito só foi localizado pela Guarda Municipal no dia seguinte.
Terceiro Caso: Enfermeira Atacada Durante Surto Psicótico de Paciente
O terceiro episódio de violência aconteceu na madrugada de 16 de fevereiro. Uma enfermeira de 40 anos foi agredida por uma paciente de 36 anos, que chegou à unidade em visível estado de embriaguez. Segundo o boletim de ocorrência, após a admissão na UPA, a mulher teve um surto psicótico e atacou a enfermeira com tapas e puxões de cabelo.
Resposta das Autoridades
A Secretaria Municipal de Saúde de Dourados lamentou profundamente os incidentes e informou que todo o suporte foi prestado às vítimas. Em nota, ressaltou:
"É lamentável que profissionais de saúde estejam sofrendo agressões em seu local de trabalho, o que somente contribui para o desestímulo de uma profissão que tem como princípio salvar vidas e cuidar das pessoas."
Ainda de acordo com a Secretaria, dos três casos registrados, um foi motivado por crise de esquizofrenia e os outros dois foram desencadeados por crises psicóticas relacionadas ao consumo de drogas.
Medidas de Segurança em Discussão
Questionada sobre as medidas preventivas para evitar novas ocorrências, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a UPA já conta com a presença da Guarda Municipal durante a madrugada. No entanto, destacou a dificuldade em prever surtos psicóticos ou episódios de agressividade motivados por transtornos mentais ou consumo de substâncias psicoativas.
"As medidas de segurança sempre existiram, inclusive com a presença da Guarda Municipal na UPA nas madrugadas. O problema é que não tem como impedir que um paciente tenha surto de esquizofrenia ou psicótico motivado pelo consumo de drogas", afirmou a nota oficial.
Impacto nas Equipes de Saúde
Os casos recentes têm gerado preocupação entre os profissionais de saúde de Dourados. A sensação de insegurança pode afetar a qualidade do atendimento prestado à população, uma vez que o medo de novas agressões impacta diretamente o ambiente de trabalho.
Organizações representativas da categoria estudam formas de cobrar medidas mais rígidas para garantir a segurança nos postos de atendimento emergencial.
Fonte: Jornal Alerta Dourados