A secretária de finanças de Porto Murtinho, Marli Norimi Miyaki, de 53 anos, simulou o próprio sequestro com o namorado Alberto Froes Junior, de 30 anos, para dar o golpe do seguro. A dupla foi indiciada pela Polícia Civil e denunciada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
O crime aconteceu na madrugada do dia 12 de junho, na cidade distante 454 quilômetros de Campo Grande, quando a secretária foi sequestrada com o filho, de 12 anos, e teve o veículo Creta roubado.
Entretanto, as investigações apontaram que o namorado da secretária pulou o muro da casa após ambos terem simulado o sequestro e o roubo para aplicarem o golpe do seguro.
O vigilante presenciou o momento em que o carro estava saindo do imóvel e acionou a polícia, que deu início a diligências para apuração dos fatos. Ele ainda afirmou à polícia que, horas antes, Alberto havia lhe pedido uma lanterna emprestada e confidenciado que roubaria um veículo na casa de uma mulher e o levaria para Bela Vista.
Por volta da meia-noite, Alberto pulou o muro e ao adentrar a residência, teria ameaçado a vítima gravemente a forçando entregar as chaves do carro. Depois, ele teria sequestrado a secretária e seu filho, os deixando em um hotel em Bela Vista e em seguida atravessando a fronteira para Bela Vista Norte, no Paraguai.
Imagens de câmeras de segurança registraram a ação criminosa desde o momento em que Alberto pulou o muro entrando armado, conduzindo as vítimas até o carro e saindo do imóvel.
Posteriormente, a vítima reconheceu ele como autor, bem como a atendente do hotel onde a secretária e o filho foram deixados.
Namorado da secretária confessou simulação do crime
Diante disso, foi decretada a prisão preventiva do suspeito e instaurado um inquérito policial para investigar os fatos. Alberto foi preso e na delegacia relatou que mantinha um relacionamento com a secretária. Ele confessou que os dois combinaram de simular um roubo para obter o dinheiro do Creta, pois, segundo ele, a secretária falou que estava precisando de dinheiro.
As investigações apontaram que houve divergência entre o depoimento da vítima e a realidade dos fatos, pois a mesma afirmou que deixaram sua casa pela avenida principal e saíram de Porto Murtinho pelo mesmo caminho, sem parar em nenhum local.
Entretanto, as imagens de câmeras de segurança mostraram o contrário, segundo a polícia. Foram apenas 20 minutos para deixar a cidade trilhando um caminho completamente diferente do mencionado pela secretária. Foi apontado ainda que as imagens não confirmam o roubo, apenas mostram o suspeito e a secretária saindo da residência.
Já a empresa responsável pelas imagens alterou os horários a pedido da secretária.
Secretária apresentou várias versões à polícia
Conforme o relatório das investigações, a secretária apresentou uma série de versões contraditórias. "A vítima apresentou diversas versões dos fatos que são incompatíveis com a lógica normal de um roubo/sequestro".
Dentre as versões analisadas pela polícia está o fato que o ladrão, após o roubo e sequestro, levou a secretária até o hotel e se preocupou com o valor da hospedagem.
A secretária também não fugiu e nem avisou outras pessoas que estava sendo roubada e sequestrada, mesmo tendo contato com pessoas em Caracol e em um posto de combustíveis em Bela Vista, onde não pediu por ajuda.
Além disso, no hotel, após o suposto roubo e sequestro, ela entrou junto com o suspeito e permaneceu por um tempo, até que ele saiu. Nesse período, ela não comunicou ninguém sobre o que estava ocorrendo e nem acionou a polícia.
Outro fato mencionado pelas autoridades é que o suspeito ainda devolveu o aparelho celular da secretária, o que não é comum.
"Portanto, pelo conjunto dos fatos e provas reunidas, não se pode ignorar as discrepâncias e a fragilidade do depoimento da vítima, concluindo que toda essa narrativa é inverídica", diz o relatório.
As investigações constataram que a secretária e o namorado simularam um roubo para obter o valor do seguro do veículo. Portanto, os dois foram indiciados pelo crime de estelionato na modalidade fraude de seguro.
O relatório policial foi encaminhado ao MPMS, que ofereceu denúncia contra a secretária e Alberto.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o advogado Lucas Yahn Santos Vieira, que representa a secretária de finanças, e o profissional informou que entrou com um pedido para que o processo transite em segredo de justiça em razão de ter menor de idade envolvido. Além disso, ele ressaltou que "a defesa acredita fortemente na inocência da secretária, sendo que ela FOI VÍTIMA no presente caso".
Fonte: Midiamax